10 ingredientes regionais da cerveja
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10 ingredientes regionais da cerveja

A cerveja é uma bebida global, mas a riqueza de ingredientes locais e regionais utilizados na sua produção dá-lhe um charme único. Descobre alguns dos frutos, pseudofrutos, tubérculos, plantas e cereais que trazem a inovação e a criatividade para a indústria cervejeira.

Pensa global, age local. Este lugar-comum adapta-se a todos os momentos da tua vida, e a cerveja não é excepção. Descobre 10 ingredientes regionais da cerveja, disponíveis em versões especiais, geograficamente limitadas ou pouco conhecidas da tua bebida favorita.

1. Mandioca (Brasil)

Ingrediente que faz parte da gastronomia brasileira desde sempre, a mandioca é a base de um projeto que valoriza a cultura regional do país e contribui para o rendimento dos produtores de estados como Goiás, Maranhão, Pernambuco e Santa Catarina. Na cerveja de mandioca, o tubérculo não substitui o malte de cevada como fonte de amido para a produção do mosto. O que acontece é que, ao prensar a mandioca, gera-se um líquido que entra em fermentação espontânea. E é daqui que se extrai a levedura para produzir a cerveja. A bebida é depois envelhecida em barris de madeira à temperatura ambiente de cada região.


A cerveja de mandioca combina sabor, frescura e leveza, além de harmonizar com a gastronomia brasileira. É uma cerveja equilibrada entre o sabor doce do malte e o leve amargor do lúpulo.

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2. Caju (Brasil)

Produtor abundante de caju, o nordeste brasileiro tem desenvolvido cervejas que, no seu processo de fervura, integram o sumo deste pseudofruto. A Pilsen Berrió, a Weiss Turatti ou a Blond Ale Louvada são exemplos de cervejas que têm em comum o caju, seguindo a tradição brasileira de incluir sumos de frutos, ou de pseudofrutos, antes da fermentação e maturação. Deste modo, o líquido já tem o aroma e o sabor do fruto.


As três cervejas são diferentes. A Berrió é uma cerveja leve e pouco encorpada, com um teor alcoólico de 4,4%; a Turatti tem um tom claro e opaco, obtido pela filtragem, e um ABV de 6%; e a Louvada é uma cerveja refrescante e frutada, ideal para harmonizar com queijos de meia cura e petiscos fritos. Tem 4,8% de teor alcoólico.

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3. Arroz Ratna (Índia)

Metade dos habitantes da Índia, que é agora o país mais populoso do mundo, depende do arroz para sobreviver. Embora a maioria das pessoas associe a Índia ao arroz basmati, a verdade é que existem cerca de 6.000 variedades diferentes de arroz no país. O arroz ratna, da região de Maharashtra, chegou à cerveja pelas mãos da Bombay Duck e da sua Rice & Shine, uma Belgian Ale.


A Rice & Shine é uma cerveja refrescante, muito carbonatada a com um aroma de lúpulo levemente picante. Tem uma cor pálida e um teor alcoólico de 4,8%.


A Bombay Duck produziu outras cervejas com diferentes tipos de arroz: uma Märzen com arroz vermelho poha, uma Cream Ale da variedade ajara ghansal e a cerveja Paint It Black, uma Stout com arroz heirloom.

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4. Brotos de abeto (EUA)

Terão sido os vikings, uma das civilizações antigas apaixonadas por cerveja, a produzir as primeiras Ale com brotos de abeto. A bebida, que ganhou popularidade nas terras altas da Escócia até ao final do século XIX, terá viajado com o navegador e cartógrafo britânico James Cook nas suas expedições pela Terra Nova, Austrália e Nova Zelândia. Além de saciar corpo e alma, a cerveja com brotos de abeto era usada para prevenir o escorbuto e outras doenças, por ser fonte de vitamina C.


Hoje, a utilização de brotos de abeto para confeccionar cervejas pode ser encontrada nos estados do Minnesota, Oregon e Alaska, nos Estados Unidos, onde esta conífera da família dos pinheiros é abundante. Os brotos têm de ser cortados antes de ganhar um tamanho expressivo, para manterem-se frescos. São adicionados antes da fermentação, para uma breve infusão. O resultado é uma cerveja com notas sólidas de pinho, terra e picante, e um aroma forte de abeto. 

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5. Framboesa  (Bélgica)

De sabor suave e adocicado, a framboesa pode ser consumida no seu estado natural ou em gelados, xaropes, geleias, licores e doces. E também na cerveja. Existem dois métodos para introduzir a framboesa na cerveja: adicionando-a ao mosto, antes da fermentação, ou durante o processo de fermentação. Muitos cervejeiros preferem a segunda opção. Por um lado, a retenção de aromas é maior; por outro, a adição dos açúcares da fruta no final da fermentação cria uma segunda fermentação que torna a cerveja menos doce, ainda que mais alcoólica.


Típicas da cultura cervejeira belga, as Fruit Beer podem ser de vários estilos. Depende apenas dos mestres-cervejeiros e das receitas por estes usadas para produzir cervejas de qualidade.

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6. Cascas de ostra (Nova Zelândia)

Já te tínhamos dito que a Stout era a cerveja ideal para harmonizar com ostras, uma vez que realça a frescura do marisco e limpa o paladar do intenso sabor salgado. Mas o que provavelmente não sabias era que as cascas de ostras também são utilizadas como ingrediente cervejeiro.


Tudo terá começado na Nova Zelândia, no início do século XX, com dois objetivos: produzir uma cerveja mais clara e acrescentar sabores que provocam uma sensação suave na boca. Atualmente, as cascas de ostra são utilizadas para produzir Oyster Stout, um estilo cujas características se alteram consoante as partes do molusco que são utilizadas, incluindo a carne. Todas, talvez, com exceção das pérolas, uma vez que estas se encontram, metaforicamente, na própria cerveja.

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7. Agave (México)

Nos dias de hoje, os ingredientes regionais são uma mais-valia para produzir cerveja, servindo, por vezes, como ímanes de marketing para captar novos clientes. Mas nos tempos antigos, os agricultores tinham de socorrer-se destas matérias primas naturais como ingrediente para as suas criações. Na região hoje conhecida como México, o agave e o dióspiro eram utilizados para fazer… cerveja.


Hoje, ainda há marcas que utilizam agave para as suas produções cervejeiras. É o caso da Border X, que cria cervejas que refletem os produtos regionais mexicanos. O agave é um açúcar que é utilizado para dar um twist em estilos como as wheat beers, farmhouse ales, imperial stouts e blonde ale. O doce da planta harmoniza com frango pouco condimentado, pratos de porco e saladas. Um sabor que nos é familiar - é utilizado, por exemplo, para fazer tequila, e que ajuda a criar novas combinações cervejeiras.


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8. Sorgo (África)

Desde o Antigo Egipto, ou talvez antes, que a cerveja é bebida em África. Antes de os colonizadores europeus levarem as suas técnicas para o continente africano, no início do século XV, as tribos já produziam cerveja, passando o conhecimento de geração em geração. Um dos ingredientes mais utilizados para produzir a bebida, e que sobrevive até aos dias de hoje, é o sorgo. Apresentando diversos nomes, consoante a cultura, o sorgo é uma espécie de planta com flor que cresce em todo o continente africano. É também o quinto cereal mais produzido no mundo, sendo conhecido por sobreviver a altas temperaturas e à seca.


Dependendo do tempo de fermentação, a cerveja à base de sorgo pode variar entre 1% e 8% de ABV, ainda que a maioria tenha um teor alcoólico entre 3% e 4%. A cerveja é opaca e tem um fim de boca amargo.


Entre os nomes da cerveja de sorgo, podem encontrar-se: chibuku, umqombothi, utshwala, joala e doro (Sul de África); shakparo (África ocidental); chang’aa (Quénia); khadi (Botswana); hydromel (República Centro Africana); araque, katila e talla (Etiópia); scud (Zimbabué); tonto, mwenge, murumba, marwa, kwette e musooli (Uganda); e burukutu e akpeteshie (Gana).


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9. Flores de hibisco (sul e centro de África)

As pétalas de flores de hibisco são adicionadas ao processo tradicional de fabrico de cerveja africana, dando origem a uma versão adocicada da cerveja de sorgo. Conhecida como karkanj no Chade, a cerveja de flores de hibisco tem um sabor tropical e um aroma a rosas. As pétalas, que são comestíveis quando secas, promovem um sabor semelhante a bagas, frutado e floral. No copo, a cerveja tem uma cor escura e vibrante, de tons rosa e vermelhos. Quando as pétalas são adicionadas em dry hopping, ou seja, a frio, durante a maturação, os sabores e cores são mais ténues.


As flores de hibisco são também utilizadas por cervejeiras artesanais norte-americanas em experiências pré e pós-fermentação, em estados como Califórnia, Vermont e Massachusetts.

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10. Manga Afonso (Índia e Paquistão)

Subespécie da manga conhecida pela doçura e sabor intenso, embora com um ciclo de vida curto, a manga Afonso é cultivada no oeste da Índia e nas regiões sul e leste do Paquistão, sendo consumida entre abril e maio. O fruto homenageia Afonso de Albuquerque, militar português conhecido por transportá-lo nas viagens pelo Oceano Índico.


Como tens percebido por este artigo, onde há fruta, há cerveja. A manga Afonso é adicionada durante a fervura e novamente na fermentação, dando um sabor frutado à cerveja. Podes beber a Fruit Beer nas versões Sour e Pale Ale, com um teor alcoólico a rondar os 5,5%, IPA (ABV de 4,4%) ou Double IPA (ABV de 8,1%), entre outras.

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