As empresas familiares são o mais antigo, e ainda o mais
comum, modelo de gestão empresarial. E as cervejeiras não fogem a esta regra de
sangue. Ao longo dos séculos, foram muitas as empresas produtoras de cerveja
que passaram de pais para filhos e que, nesta mudança geracional,
modernizaram-se, adequaram-se aos gostos dos consumidores e aumentaram a
concorrência do setor.
Fica a conhecer melhor três destas famílias - Busch,
Dreher e Guinness - e descobre os estilos, as cervejas e a constante inovação
que justificaram a sua longevidade.
Proprietária de uma das cervejas mais consumidas no mundo,
a Budweiser, a Anheuser-Busch é hoje uma subsidiária da AB InBev, dona de 630
marcas de cerveja. Mas as suas raízes datam de 1857, ano em que o
norte-americano de origem alemã Eberhard Anheuser adquiriu a Bavarian Brewery.
Com a ajuda do seu amigo - e futuro genro - Adolphus Busch, um emigrante alemão
que se tornou, também, seu parceiro de negócios, o empresário fundou uma das
mais duradouras cervejeiras de inspiração familiar do mundo.
Adolphus Busch foi um visionário. Pegou numa empresa que
vendia 4000 barris de cerveja por ano e levou-a ao topo. Na altura, a cerveja
era uma bebida pouco consumida nos Estados Unidos, devido ao clima e solos
pouco preparados para o cultivo dos cereais indispensáveis à produção, bem como
às dificuldades de refrigeração e transporte da bebida, passando ainda pelacompetição feroz das bebidas espirituosas (já enraizadas
na sociedade). Busch mudou tudo. Primeiro, estabeleceu rotas comerciais com
agricultores das zonas mais férteis do país. Depois, construiu uma rede de
distribuição de cerveja que cobria quase todo o continente americano,
investindo em comboios refrigerados para manter a qualidade do produto.
Naquela altura, os comboios paravam regularmente para
receberem novas quantidades de gelo que mantinham o líquido em condições de
consumo. Mas quando o engarrafamento mecânico e a pasteurização foram incluídos
no processo de fabrico da cerveja, Busch conseguiu chegar a todo o país e, em
41 anos, tornou a sua cervejeira numa das maiores do mundo – mundo este para onde, aliás, já começava a exportar. Resultado: em 1901, a
Anheuser-Busch vendeu 1 milhão de barris de cerveja.
Com a morte de Adolphus Busch, em 1913, o seu filho August
tomou conta da empresa (1913-1934) e foi
sucedido, respetivamente, por Adolphus Busch III (1934-1946) e pelo irmão
Gussie Busch (1946-1975). O filho deste último, August Busch III liderou a
empresa de 1975 a 2002, sendo o último da dinastia a fazê-lo.
Finalmente, e após quatro gerações, a detentora da
Budweiser foi liderada, pela primeira vez, por um gestor sem ligações à
família. Fica a história, porém, para nos relembrar do feito que, aos olhos dos
nossos dias, parece impossível de replicar.
Não se sabe ao certo há quantas gerações a família Dreher
fabricava cerveja nos reinos que deram lugar à atual Alemanha. Mas terá sido
bastante antes de Franz Anton Dreher, nascido em 1735, se mudar para a cidade
de Viena, na atual Áustria, em 1760. O sonho de Dreher era simples: entrar no
meio empresarial austríaco e desenvolver uma indústria cervejeira naquela
região, à época em grande expansão populacional e urbana.
No entanto, Dreher, que aprendeu a fazer cerveja com o seu
pai, não conseguiu convencer os empresários vienenses da sua mestria cervejeira
ou visão para o negócio. Assim, precisou de duas décadas para juntar dinheiro
suficiente para arrendar uma pequena cervejeira em Ober-Lanzendorf, em 1780.
Nos anos seguintes, o empresário arrendou dois outros
espaços para fabricar cerveja, adquiriu terrenos agrícolas e investiu,
inclusive, na área da hotelaria. O seu casamento com a mestre cervejeira Maria
Anna Huber ajudou o negócio a crescer, e já relativamente bem na vida
proporcionou ao seu filho, Anton, a possibilidade de aperfeiçoar a arte
cervejeira. Anton Dreher aproveitou a benção e o dinheiro do pai para viajar
pela Europa, onde procurou inspirações para novos estilos e ideias para
desenvolver o negócio.
Quando Franz morreu, Anton Dreher assumiu a liderança da
cervejeira e encontrou na inovação a sua musa. Cultivava o seu próprio lúpulo e
malte e foi um dos primeiros da indústria a trazer máquinas para as fábricas,
aumentando a qualidade da cerveja e reduzindo os custos. Após uma longa viagem
pela Europa com Gabriel Sedlmayr - que viria a criar o malte Munique e a cerveja Märzen- Anton Dreher regressou a
Áustria com uma visão renovada do setor. Com conhecimentos adquiridos, por
vezes, de modo ilegal, Dreher fundiu técnicas de maltagem britânicas com a
tradicional baixa fermentação usada na Europa central, criando a Vienna Lager.
O estilo, que ainda hoje faz as delícias de milhões de consumidores em todo o
mundo, espalhou-se rapidamente pelo Império Austro-Húngaro e valeu-lhe, por
isso, a alcunha de “rei da cerveja”.
Em 1862, Dreher comprou uma fábrica em Kőbánya, Budapeste
(Hungria), mas foi o seu filho Jenő que, após a morte do pai, continuou a
expansão do negócio familiar. A fábrica de Kőbánya foi particularmente
importante e chegou a produzir 1,2 milhões de hectolitros de cerveja na década
de 1890. O crescimento continuou através da compra de várias outras fábricas na
Hungria, mas também em Michelob (atual República Checa) e Trieste (atual
Itália).
Quando o negócio familiar se tornou numa holding constituída por diversas
empresas, a parte húngara separou-se das restantes (1907) e a fábrica de
Kőbánya foi remodelada para aumentar a produção. O cenário de guerra que
entretanto se instalou na Europa central levouJenőa vender as fábricas, recomprando-as após a Segunda
Guerra Mundial. Foi sol de pouca dura: em 1948, o último dos Drehers morreu e,
com ele, também a última geração de cervejeiros da família.
O
nome Dreher, porém, continuou ligado à indústria. Já nacionalizada, a fábrica
fundiu-se com outras cervejarias utilizando o nome Kőbányai Sörgyár e durante
largas décadas forneceu cerveja a 90% da população húngara. Hoje, em qualquer
bar ou restaurante húngaro ainda se pode beber uma cerveja Dreher. Um brinde a
mais de 200 anos de passado cervejeiro.
Fundada em Dublin, na Irlanda, em 1759, a Guinness é uma
das mais célebres marcas de cerveja do mundo, reconhecida pelas cervejas da família Stout,
atualmente, mas também pelas Porter, até há poucas décadas. Mas esta não foi a aposta inicial
de Arthur Guinness, o empresário que fundou a dinastia. Nos primeiros anos, a
Guinness produziu diferentes ales, mas mudou de estilo quando Guinness reparou
no sucesso das Porter importadas de Inglaterra. O empresário começou então uma
série de experiências com vários tipos de Porter, chegando a uma cerveja de cor
castanha escura e com uma textura cremosa. O sucesso foi avassalador e até
surpreendente. A tal ponto que a Guinness começou exportar, a partir da sua
fábrica de Dublin, para Inglaterra,
revertendo as trocas económicas tradicionaisentre os dois países.
Com a morte do fundador, o seu filho, também chamado
Arthur Guinness, tomou conta da empresa e lançou, já na década de 1820, a
“extra stout porter”, cerveja que ficou conhecida, simplesmente, por Guinness
Stout. Se Arthur II transformou a Guinness na maior cervejeira da Irlanda, o
seu filho, Benjamim, fez da Guinness a maior fabricante de cerveja do mundo
através de uma abordagem mista ao mercado: um sistema de franchising
implementado em cidades como Nova Iorque (EUA) ou Melbourne (Austrália), que
lhe deram reputação internacional nos países mais importantes do globo; mas
também através da tradicional exportação de barris de Stout para outros locais.. Saída da fábrica de Dublin, Irlanda, a Guinness
chegava agora às Caraíbas (Barbados) e a África (Serra Leoa). Ah, e foi também
nesta altura que a “extra stout porter” começou a aparecer nos cafés, bares e
restaurantes portugueses.
O terceiro filho de Benjamim Guinness, Edward Cecil,
construiu uma nova fábrica, lançou um laboratório para melhorar a arte
cervejeira e levou a empresa para a London Stock Exchange em 1886. A presença
em bolsa não acabou com a dinastia da família ao leme da empresa: ainda teríamos
mais de um século de Guinness ao comando. A começar por Rupert Guinness, filho
de Edward, que presidiu à cervejeira entre 1927 e 1962. Por fim, coube ao seu
filho Benjamin, que liderou a empresa até 1992, encerrar a presença do clã
Guinness de gestão da empresa. No total, foram 233 anos de uma empresa familiar
aos destinos daquela que, em tempos, dominou a exportação de cerveja no mundo.
Apesar de não existirem mais herdeiros Guinness na
administração da cervejeira, a família ainda detém 51% da marca, que é
atualmente gerida e distribuída pela Diageo.
A Guinness era tão conhecida no Reino Unido que durante a
Batalha de Waterloo (1815), entre Inglaterra e França, os soldados feridos
gritavam pelo seu nome a partir das enfermarias.
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