São dois estilos de cerveja de trigo: um de origem belga e outro alemão. Descubra as diferenças entre uma wit e uma weiss.

A Witbier é originária da vila de Hoegaarden, conhecida desde a Idade Média. Nos séculos XVIII e XIX, tornou-se um dos principais estilos de cerveja belga. Nos anos ‘50 praticamente desaparece devido à expansão das cervejas lager, mas em 1966 Pierre Celis reaviva o estilo usando os ingredientes tradicionais: água, levedura, lúpulo, trigo, coentros e casca de laranja. Até hoje, Hoegaarden é a Witbier mais conhecida na Bélgica e no mundo. 

Na Alemanha, as evidências da fermentação de trigo na Baviera (Bavaria, em latim) remontam a 800 a.C., mas só no séc. XV a presença da Weissbier se torna mais substancial. Tal como a Witbier, com a passagem do tempo a Weissbier caiu em desuso - em 1812, só havia duas cervejarias ativas a produzir o estilo. A partir de 1872, George Schneider e a sua dinastia acreditam na Weissbier e dão-lhe continuidade através da cervejeira Schneider & Sohn.

O renascimento total, porém, só surgiria em meados dos anos ’60, com o crescente interesse da produção local, que culminou na aposta das grandes marcas de cerveja alemã neste estilo. A partir desta década, a Weiss começou a ser distribuída por todo o país e promovida de forma massiva em sucessivas campanhas publicitárias. 

Cereais | A Witbier tradicional é feita com cevada maltada e 30% a 50% de trigo não maltado, enquanto a Weissbier original alemã tem pelo menos 50% de trigo maltado. O trigo produz a acidez e a cor turva típica destas cervejas. Contém menos amido e mais proteína do que a cevada, o que resulta numa cabeça robusta. O grão de trigo contém também elementos que a tornam mais difícil de filtrar, por isso são, normalmente, cervejas não filtradas.

Levedura | O tipo de levedura também é importante para diferenciar estas duas cervejas: ambas são cervejas de fermentação alta, mas a levedura com que a Weissbier é feita tem a particularidade de, durante a fermentação, conferir à cerveja distintos aromas e sabores semelhantes à banana e cravo-da-índia. Já a levedura empregue nas Witbier contribui com aromas mais herbais, que se combinam com os outros adjuntos que normalmente incorporam este estilo de cerveja.

Outros ingredientes | Na Witbier são frequentes aromas cítricos e a coentros, já que durante o processo de fermentação são acrescentadas sementes de coentros e casca de laranja. A Weissbier, a exemplo das cervejas que respeitam a Lei da Pureza alemã, bane o uso de ervas, especiarias e fruta no processo de fermentação.

No entanto, durante algum tempo não se pôde considerar que a Weissbier respeitasse a Reinheitsgebot, uma vez que a versão original desta lei fala em cevada e a Weiss utiliza o trigo na sua confeção. Só com a revisão a que esta lei foi sujeita, em 1993, é que o malte de trigo passou a estar abarcado.

Wit e Weiss têm ambas um corpo leve a médio. O aroma da Witbier é refrescante e frutado. Tem um sabor agradável a malte com um carácter cítrico de laranja. Pode ter uma leve acidez láctica. Os sabores a ervas e especiarias, onde normalmente se destacam os coentros, são comuns e devem ser subtis e equilibrados. O amargor do lúpulo é baixo a médio-baixo e o sabor residual é herbal, meio ácido e seco.

A Weissbier contém aromas doces e a especiarias provenientes da levedura, como cravo-da-Índia, noz moscada, banana e baunilha. Tem uma baixa presença de lúpulo e um aroma leve a trigo. O sabor é mais doce, maltado e ácido, onde se voltam a evidenciar os toques de banana e cravo-da-Índia. O sabor residual é ligeiramente picante e doce.

Não existem grandes diferenças no teor alcoólico (ABV) das Weiss e das Witbier tradicionais: este é geralmente baixo, o que torna as cervejas leves e refrescantes. Existe, porém, um contraste entre dois sub-estilos das Weiss. O Weizenstarkbier pode ter uma graduação até 12%, enquanto o Berliner Weisse não ultrapassa os 3%.