Uma assinatura. Uma simples assinatura deu o
tiro de partida para a era dourada da cultura cervejeira norte-americana. Fica
a saber como um presidente dos Estados Unidos contribuiu para mudar os estilos
e sabores da cerveja que se bebia - e que agora se bebe - naquele país.
James Earl Carter Jr., conhecido como Jimmy Carter, está longe de ser o
presidente dos Estados Unidos mais conhecido da História – ou de entrar,
sequer, no top 10 desta lista. No entanto, ele tem um lugar especial no coração
de todos os cervejeiros norte-americanos - dos amadores aos profissionais - e
dos verdadeiros apaixonados pela cerveja.
Em 1978, Carter assinou a lei H.R. 1337, um documento que autorizava a
produção de cerveja em casa. Na prática, o presidente norte-americano revogou
legislação que datava da era da Lei Seca, meio século antes, o que impulsionou
o mercado das cervejas caseiras e artesanais e, com este, a inovação do setor.
Apesar de a produção caseira de cerveja nunca ter parado totalmente, a lei
de 1978 retirou-a da clandestinidade. Os impostos desapareceram, assim como o
estigma de produzir cerveja em casa. O resultado? O aumento da produção e florescimento
dos negócios independentes e familiares ligados à cerveja.
Em 1988, dez anos após a lei entrar em vigor, já
existiam 200 cervejeiras independentes nos Estados Unidos. Em 2003, o número
ultrapassava os 1500 e, em 2019, superou os 7000. Esta explosão contribuiu para
o aumento dos estilos de cerveja à disposição dos consumidores norte-americanos
e para um novo fôlego da indústria, ao qual nem as grandes marcas escaparam.
BRINDE À INOVAÇÃO E TOLERÂNCIA
Um assumido abstémio, Jimmy Carter não olhou a
convicções pessoais quando a oportunidade de revolucionar a cultura cervejeira
norte-americana surgiu. Ao assinar a lei H.R. 1337, o presidente dos EUA virou
uma das mais importantes páginas da indústria cervejeira americana e global.
Durante mais de 50 anos, os cidadãos norte-americanos não puderam produzir
cerveja em casa. Apesar de a Lei Seca ter terminado em 1933, a Casa Branca
manteve os produtores de bebidas alcoólicas em rédea curta. O excesso de
regulação retirou os pequenos produtores do mercado e produzir cerveja em casa
permaneceu ilegal, ou quase – os legisladores federais temiam que a população,
sob a capa do fabrico caseiro de cerveja, produzisse, ao invés, moonshine, nome dado às bebidas com alto
teor alcoólico, mas muitas vezes inseguras, que ganharam uma legião de
seguidores durante a Lei Seca.
A partir da década de 1970, consumidores e microcervejeiros começaram a
recuperar técnicas, estilos e sabores ancestrais. A procura por novos caminhos
cervejeiros foi particularmente sentida na Califórnia. Foi neste Estado do
sudoeste norte-americano, que faz fronteira com o México, que um grupo de
produtores informais de cerveja se juntou para tentar influenciar Alan Cranston
a mudar a lei.
Cranston, um senador democrata que, à data, gozava de maior popularidade na
Califórnia que o próprio presidente, conseguiu convencer Carter a incluir a
legalização da produção caseira de cerveja numa lei mais ampla sobre os
transportes – a H. R. 1337.
A nova lei era bem clara: qualquer cidadão maior de 18 anos poderia
produzir cerveja para uso pessoal ou familiar, sem pagar imposto. As
quantidades eram generosas: 378,5 litros/ano para um agregado familiar com um
adulto e até 757 litros por agregado com dois adultos.
Ao assinar a lei, Jimmy Carter abriu a porta à revolução cervejeira e
tornou-se uma das caras - um herói, para alguns - da nova era da cultura da
cerveja americana. Uma cultura que se prolonga até aos nossos dias.
Em 1979, ano em que a lei entrou em vigor, Charlie Papazian fundou a
revista Zymurgy, uma referência do
setor, e a American Homebrewers Association (AHA), organização que ainda hoje
reúne milhares de produtores, fornecedores, distribuidores, retalhistas e
produtores de cerveja artesanal e caseira.
Com o passar dos anos, cada vez mais produtores de cerveja caseira
profissionalizaram-se e criaram empresas familiares de cerveja artesanal. Hoje,
mais de 95% dos profissionais das microcervejeiras norte-americanas começaram
pela produção caseira. Além de beneficiar a economia do país, através da
criação de empregos e pagamento de impostos, o boom da cerveja caseira revolucionou o mercado cervejeiro.
É esta a verdadeira dimensão do papel de Jimmy Carter no consumo de cerveja
nos Estados Unidos – e a prova de que por vezes basta um homem e uma assinatura
para transformar, e reavivar, uma indústria.
Ainda que não tenha conseguido a reeleição presidencial – perdeu para o
ator Ronald Reagan, em 1980 –, Carter reconquistou os norte-americanos nos anos
seguintes.
O seu momento de glória chegaria duas décadas após a saída da Casa Branca:
em 2002, o seu papel nas soluções de paz de conflitos internacionais e promoção
do desenvolvimento económico e social valeu-lhe a atribuição do Prémio Nobel da
Paz.
E se a cultura cervejeira traz ao de cima o que de
mais relaxado, descontraído e tranquilo há em nós, pode dizer-se que o papel de
Carter para a paz mundial começou 25 anos antes de ter recebido o conceituado
prémio.
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